sociedade

De Onde Vem a Vacina?


Nossas vidas deram, a partir de março deste ano, uma guinada inimaginável. Enfrentamos uma situação pela qual não esperávamos. Estamos em meio a uma pandemia que ainda não nos aponta a volta à rotina normal.As pandemias podem acabar de diferentes maneiras - certamente a mais esperada delas é uma vacina segura e que nos proteja permanentemente.

Nas últimas semanas, a discussão sobre a procedência da vacina que chegará aos brasileiros, bem como sua obrigatoriedade ou não, foram pautas frequentes e bastante politizadas. Discussões como essas, a meu ver, servem mais para aumentar a angústia e a insegurança das pessoas do que para oferecer subsídios para a escolha de caminhos.Importa saber o que a ciência, os estudiosos e os pesquisadores orientam, fugindo a determinações que atentam à vida de de toda a população. Querer ideologizar as escolhas e propor um debate, sustentado pelo senso comum, demonstra desconhecimento dos fatos e falta de empatia com a população que muito já sofreu neste período.

O presidente Bolsonaro, por razões diversas, apresenta propostas apoiado em sua própria falta de conhecimentos científicos sobre o tema e apoiado, ainda, no seu parco conhecimento sobre o mundo. influenciado sobre os achismos de seus apoiadores terraplanistas. O governo federal. desde o inicio da crise sanitária, recusou-se a enfrentar a realidade e afastou-se daqueles que apoiavam a ciência. Preferiu ignorar os fatos apresentados. Com a vacina, ele faz o mesmo colocando vidas em risco e semeando desconfianças.

O presidente não demonstrou empatia com a população neste difícil momento, incapaz de demonstrar sensibilidade e solidariedade com as famílias das mais de cento e cinquenta mil pessoas que perderam a vida. Houve inércia do governo em efetivamente agir para ajudar os que estão com problemas de saúde, os que precisam sobreviver a esta época e precisam protegerse do vírus. O presidente e seu governo vivem em uma realidade paralela muito prejudicial aos brasileiros.

Não importa de onde a vacina para o coronavírus virá, o que importa e a proteção que ela dará a toda população. Como a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, vacina não tem nacionalidade, é proteção para a humanidade e tem a capacidade de acabar com os principais males do nosso tempo. Discutir procedência de vacina e ideologizar o debate, somente acarreta problema - é perda de tempo no enfrentamento do objetivo real, que é o combate ao próprio vírus - podendo piorar ainda mais a crise.

Todos os acordos fechados até o momento para pesquisas, desenvolvimento e produção conjunta das diferentes iniciativas cientificas existentes para a criação de uma vacina percorrem o mesmo caminho. As vacinas serão produzidas no Brasil por órgãos reconhecidos internacionalmente pelo trabalho que fazem. Somente uma parcela pequena das vacinas brasileiras virão do exterior, isso por que a capacidade de produção dos laboratórios brasileiros chegou ao máximo com a crescente demanda.

O governo federal não fez até o momento todo o trabalho que se espera dele no enfrentamento ao vírus. Para desviar sua falta de comprometimento e os rumos equivocados que escolhe, provoca discussões inúteis e em momentos inapropriados. O governo precisaria investir em programas de proteção e educação para ensinar como se lidar com a COVID-19. O governo precisaria também investir para a pesquisas na produção de vacinas e apoiar a capacitação dos pesquisadores brasileiros envolvidos. O Brasil sempre foi reconhecido internacionalmente por seu programa de vacinação e proteção a sua população das diversas doenças que assolam o mundo. Todo esse histórico e conhecimento vem sendo secundarizado.

Não importa de onde a vacina virá, o que importa e que ela cumpra o seu objetivo de proteger a todos deste que é o maior desafio sanitário global dos últimos 100 anos. É preciso utilizar as melhores armas existentes e que os são conhecimentos científicos adquiridos por décadas, a tecnologia existente, o parque industrial para produzir toda a vacina necessária e, por fim, a maior e melhor estrutura e programa de vacinação existentes. Se isso for feito estaremos protegidos, se não, teremos sérios problemas atuais e futuros, com a perda do bem maior: a vida de cada pessoa.

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